segunda-feira, março 26, 2007

pronto.

Pus a carta em cima da mesa. Toquei o envelope como se afagasse lembranças que não queriam ser deixadas pra trás. Talvez não tenha dito tudo que precisava. Talvez tenha esquecido algum detalhe, por ainda não estar afeiçoado à nova situação. Olhei novamente o cômodo de onde sairia três minutos depois. O abajur disforme banhando os aparelhos com sua luz rosada. Ainda sentia o cheiro dos cigarros. Tudo continuaria ali. Do mesmo jeito. Mas quando voltasse, ele não me encontraria mais sentado na varanda ouvindo Fitzgerald [the day is my enemy / the nite, my friend...], mas preferi tentar não imaginar.

Dei a mim o direito de respirar todo aquele ar violentamente, de uma só vez. Pra não ter a desculpa de me permitir relembrar coisas antigas. Era assim que preferia. Bati com força a porta de madeira escura, porque não trazia as chaves. Ficaram do lado de dentro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pablito, a densidade de teu texto me remete a tantos lugares...:)

Anônimo disse...

Po! Onde estão os novos quase-contos? Esse blog tá paradão...