quarta-feira, abril 11, 2007

plácido.

É que ele tem poucos amigos... - dizia a mãe - Fica assim por quase todo o dia. Tantas outras vezes já o encontrei dizendo ao nada que tinha grande afeição por coisas desfeitas e disformes. Que preferia seu quarto ao mundo.

E assim seguiam ambos. Ela, tentando entender a apatia demente do filho. Ele, flutuando pela casa durante os dias.
O pai não via jeito. Preferia aceitar o olhar perdido do menino. Nem tão menino. Afagava sempre a franja escura do rebento quando o encontrava nos primeiros degraus ao chegar do trabalho. Mais tarde, ao se deitar, lamentava sempre a ausência de um sorriso menos pálido. E orava esperando ver. Um dia.
A esposa ao lado, na mesma cama, no mesmo banho escuro da quase madrugada, orava também pelo mesmo e fingia agradecer pela falsa felicidade do menino.

2 comentários:

Anônimo disse...

eles eram muitos cavalos.
(da série "comentar posts utilizando títulos de livros à mão".
eu ia fazer algum comentáriod e caráter pseudo psicanalítico sobre edipíanismo, mas ainda não consegui entender a bula dessa família.

marco
naselva.com/marco

Anônimo disse...

achei muito sensivel...e bom