domingo, abril 19, 2009

laura.

Laura nasceu num dia de muita chuva e poucas notícias. Por estas, uma espera angustiada e difusa se desenrolava sobre as horas. Ainda não se sabia de que lado da meia noite ela resolvera surgir e ver a luz do mundo frio pela primeira vez. Deixava o seu canto morno para conhecer outro, nos braços de sua mãe, de seus tios, de sua avó.

A chuva não parou. Veio de modo que insistia em preencher um espaço e não permitir que a ansiedade se tranformasse em qualquer outro sentimendo mais pesado. Pesava sobre o dia e levava consigo, em córregos densos, até mesmo os indícios invisíveis de coisas indesejáveis.
Laura nasceu. Não num dia de sol. Isto vinha carregado de significados indecifráveis, pois seu tio se sentia tão feliz em dias assim. A menina branquinha, de quem o tio e sua irmã ainda não conheciam o rosto, os fez respirar aliviados. Respiravam leves, com suas vias permissivas à passagem de um ar limpo e fresco, rico em oxigênio. Era uma vida, tudo isso.
A mãe de Laura já a segura em seus braços. E percebe que tudo é igualzinho àquele sonho que teve, semanas antes. O mesmo toque. A mesma pele lisinha transpirando ternura por pequenos póros. Novíssimos. Limpos.
Foram muitas horas. A melhor de todas é agora. E este agora pretende se repetir incansavelmente. Eternamente.

Um comentário:

VSam disse...

Êta que Laura deu trabalho a essa gente toda! Todo mundo super preocupado com ela, mas no final foi bom que ela tenha decidido vir. Mas se Laura é um bebê, acredito que ela vai crescer e quando sua mãe perceber que o tão aprazível "agora" não poderá mais ser construido pela eternidade, que ela fará?